sábado, 14 de maio de 2011

#11 - Confessions

   Eu sinto você como se estivesse debaixo da minha pele, entre as minhas vísceras, queimando. És minha musa, meu amor; minha música, minha poesia, tudo o que vejo, ouço e crio. É você, amor. Mas eu não a amo, e não quero te amar. Teu amor representa vulnerabilidade, mortalidade. Te amar significa a morte de tudo o que me fortaleceu até hoje; significa ter a possibilidade de te perder, de sofrer como nunca sofri, novamente; e eu não quero isso. Enquanto a paixão mantém minha embriaguez com a noção de que tudo é eterno e que problemas não existirão, o teu amor representa sobriedade. Eu não quero isso. Na verdade, amor, eu não posso mentir; o que eu quero é liberdade, não correntes. 
   Sinto dizer, amor, que não suporto mais isso. Sinto dizer que, infelizmente, eu cansei. Tenho medo de você, do que você representa, pois já não consigo não pensar em ti; não consigo ser eu mesmo sem você ao lado. Sem a tua presença eu perco o paladar, perco o tato; a vida perde o gosto. Temo porque quero a liberdade de demonstrar esse afeto explicitamente, todo tempo, intrinsecamente. Temo porque até mesmo nossa paixão foi sóbria, com alguns poucos momentos de ressaca. É um jogo de roleta russa particular, com altos e baixos, onde você é o gatilho e a pólvora, e eu, a munição. Eu já jogo teu jogo, já visto a sua bandeira. Você é meu rumo, meu sentido, minha alegria!
   ...A verdade, amor, é que eu temo porque te amo e amo te amar.

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