domingo, 3 de abril de 2011

#8

    Humanidade, palavra que por definição envolve bondade, benevolência. O que resta ainda de humano no homem moderno, esse que ama, promove e protege um sistema que escraviza a si mesmo? Uma equação simples para um sistema complexo; enquanto os democratas continuarem financiando os ditadores e o povo que sustenta essa estrutura corrupta continuar preocupado em beber, ver o jogo no fim de semana e meter, o quadro não vai mudar. O povo quer isso, o povo quer farra. E aí aparece um senhor, de origem humilde, sorriso simpático, histórico batalhador e sofrido; e o povo, aquele mesmo citado anteriormente, se identifica. É lindo. E votam no molusco, entregando a ele o maior brinquedo possível, o Brasil. Helicóptero, avião, filho milionário, etc. Será que o molusco vai se acostumar a viver sem o brinquedo? Bom, mas ele ajudou muito. Copiou o bolsa família, criou mais currais eleitorais e fez seu nome de maneira honrosa.
    E o povo, ganhou o que ao entregar o brinquedo na mão do demagogo? O cidadão ganhou a TV nova que colocou na sala, financiada em 100x e o bolsa família, bolsa bacon, bolsa escola, bolsa faculdade, bolsa taxi, bolsa onibus. Pronto. É o casal perfeito; um péssimo sistema educativo de mãos dadas com as grandes armas de manipulação em massa, isso sem contar com a vontade do próprio indivíduo de ler, buscar conhecimento, instrução. São grandes aliados: A inépcia, dominante entre os menos privilegiados; e os líderes do rebanho, operando com aquele jeitinho brasileiro, sempre conveniente, adquiridos de maneira empírica; resultando, é claro, no grande despautério descarado que conhecemos como política. São os grandes pilares de uma sociedade lacerada; sem virtudes, sem caráter.
    O grande problema é que o cidadão vive em uma sociedade onde tudo é comercializado. Do corpo perfeito e inatingível das panicats à que música que ele escuta, tudo ja é pré selecionado. Os valores de hoje são ditados, em alto e bom tom, de maneira silenciosa, em cada outdoor, cada canal de televisão. É claro que o cidadão não é culpado disso. Ele ja nasceu nessa merda, desse jeito. O que ele tem na cabeça é justamente o que é pra ele ter na cabeça. Ele tem que trabalhar, pagar imposto, ir pra igreja, assistir BBB, comprar aquele celular novo, aquela roupa. O capitalismo é assim. O fulano nasce para ser alguém, e esse alguém depende de quanto você tem. Nos tempos hodiernos, o importante é sobreviver, não ser engolido pelo sistema. A sociedade é composta de homens vivendo da única maneira que sabem. Não se explora o talento, a arte; isso não paga a conta de ninguém. A situação ja beira um precipício letal. O ser humano já não tem a liberdade de desenvolver seu real talento, de explorar seu potêncial. Ele já é escravo de um sistema monetário perverso. Porém, esse quadro pode mudar. É necessário consciência social, política, interesse do próprio cidadão em questionar os porquês. É preciso ter fome de conhecimento, vontade de atribuir um significado e valor à própria vida que não são vendidos comercialmente. Não é tão difícil quebrar um paradigma. Difícil é fazer o que todos nós já fazemos, trabalhar igual animais, muitas vezes nos privando de exercer determinadas atividades que amamos, para sustentar um sistema monetário sujo que beneficia a grande elite. Difícil é dar o sangue para pagar o maior imposto do mundo e ver nossos representantes cuspirem na cara dos eleitores, esses que, como bom gado, ficam sem palavra ou ação por falta de instrução e excesso de manipulação da mídia. Difícil é ser escravo de uma liberdade capitalista ilusória.

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