Olá, prazer.
Em detrimento de uma voracidade intelectual que me consome a alma, meu paladar, olfato e até mesmo o tato; além de vendar-me os olhos e cada vez mais diminuir meu ângulo de visão; tornando, a cada segundo que passa, difícil sentir os prazeres tão finitos oferecidos pela vida; continuo minha busca pelo vazio. Isso. Vazio. No começo é um, depois dois, três cigarros ao dia; até que chegue no primeiro maço diário. O mesmo ocorre com o vazio; sempre cresce, nunca é retrógrado.
O vazio não é nada mais do que uma constatação. Algo que por simples definição nos deixa inconformados, apesar de desconfortavelmente conformados. Não trata-se apenas do cerne, do âmago do assunto; não é sobre ser conivente com a ausência e até mesmo incentivo da falta de probidade na sociedade por parte dos que guiam o rumo do gado. Somos julgados com austeridade, porém não julgamos com tal severidade.
Esse vazio, melancólico e desastroso vazio, é resultado disso. Impotência diante de potencial. Feliz é aquele que não anseia por mais, não busca respostas para os porquês da vida. Os que mantém a cabeça baixa até o dia do abate.
Assim como uma fila de inúmeros judeus perante o poderio alemão em um campo de concentração, o gado mantém a postura de gado, com a exceção de uns poucos que levantam as pesadas cabeças e orelhas, e logo sentem no estômago, o pai da aflição, o enjôo e a ânsia que acompanham o estado de percepção. Esses são os que carregam em sua consciência o peso da ignorância, essa que, para os de cabeça baixa, não pesa mais do que as grandes orelhas e chifres. Sendo assim, esses poucos, as exceções, tornam-se enfermos e rapidamente provam do que chamam de loucura. Hereges, loucos, monstros. Já tiveram muitos nomes esses que foram exceções. E, novamente, tudo isso em nome de uma causa. O vazio. Esse que tanto falo torna-se uma causa pelo simples fato de ser natural. Aqueles que, por um simples levantar de orelhas tornaram-se exceções, buscaram um motivo, um propósito. Os hereges, monstros e loucos buscavam a resposta absoluta, o grande porque. E por mais contraditório que seja, por maior que fosse o intelecto, por maior que fosse a quantidade de livros, idéias, filosofias e conceitos que esses fulanos tomassem conhecimento, mais complicada a pergunta se tornaria, mais distante estariam da resposta. Esse é o vazio.
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