Trecho de um novo livro! Ainda sem título =]
Estou eu derrotado? Estou lacerado de tal forma que o orgulho seja menor do que a vergonha?! Sejamos honestos, foda-se a vergonha. Você, meu amigo, evoluiu para comer, beber e foder, passar teus genes para frente. Todo resto é ilusão. O terno e a gravata, a camisa passada, o crédito ao médico e o nojo pelo lixeiro. Tua carne é feita do mesmo material fétido que a dele. E não há aqui, por entre essas proposições, demérito à grande máquina que permite à consciência um plano real. Tudo o que você é foi custosamente lapidado para suportar frio, fome e stress no meio de uma selva desgraçada. Você, eu, nós pertencemos a organismos extraordinários. Apenas questiono o desperdício de tudo, visto que o homem moderno conseguiu pôr toda a complexidade e anos de evolução que construíram nosso sistema imunológico em cheque apenas por foder um macaco. E agora o cara não pode foder o amigo, nem você pode foder uma quantidade incalculável de mulheres sem proteção. Mal se pode deitar com uma mulher como você deitaria com um homem. Tudo bem, ok, a rotina enfastiosa é em nome ao progresso. Que progresso? A fibra ótica? Meu amigo, dentro de anos, não décadas, não centenários, nós vamos ter malditos robôs lotando prateleiras ao redor desse mundo inteiro, com o único e exclusivo propósito de te chupar, ou bater uma. Prontos para te dar prazer. O quão distorcido é isso?! A humanidade se perdeu há muito. O scotch melhorou, temos o computador, mas o essencial, a substância que nos define, continua a mesma e não se encaixa com a vida insuportável que nos convencemos a viver. O gozo continua o mesmo; o squirting continua sendo o raro troféu de todo homem (e mulher, diga-se de passagem;) as piores decepções não são com a Siri e sim com a fêmea com quem você trocava fluídos e partilhava medos e ensejos semanas atrás; ah, e você não é especial. E aí?! Todas as perguntas não se resumem a essa?! E aí que o mundo continua girando e eu não consigo te responder. Eu não consigo me responder. Mas não, não há derrota em qualquer emoção humana. Há retrocesso para o progresso, e aprendizado. O mundo dá voltas e termina sempre no mesmo ponto. Por que deveria ser diferente comigo nas poucas e míseras décadas de vida que eu tenho sob a luz do sol?
Felipe Peloggia
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