segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Propósito

     Não se sabe até aonde o aceitável limita censuras éticas universais, onde o comportamento perde o exotismo lascivo e passa a exortar o indigno, eviscerando o senso de justo. A filosofia não reconhece o belo e desconhece o feio. Não se sabe o que é o que. O importante é que a trilha de tijolos leva o racional à uma explosão de sentidos: o cheiro irresistível de tinta fresca desbotada, de terra, de sangue que corre no chão.
     A mulher chora por amor ao oposto de si; pelo homem que não é; chora por amor. O homem chora por não calçar os sapatos do pai. O mundo gira em torno do próprio despropósito até que o poeta, coitado, que esperava ter o sentido da vida designado a si por versos em prosa, percebe que o sentido quem dá é ele, e o propósito, nada mais é do que o caminho e caminhar.

Felipe Peloggia

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