É tão abstêmia, tão adstrita a idéia de liberdade. Não somos livres nem de nós mesmos, das nossas vontades, desejos, segredos... Somos escravos do que somos, escravos das nossas sinapses; seres pensantes, alguns diriam.
A diferença efusiva entre a auto-interpretação e a realidade crua mascara, de maneira hedonista, o princípio básico da moralidade humana. A antroposofia não tem aonde se sustentar se não nos vazios ignorados pela existência do homem. Não é possível chegar a um estado cônscio sobre qualquer aspecto da moralidade humana com um simples silogismo, sem antes exaurir toda e qualquer característica humana, passiva de emoção. Trabalho de Sísifo esse, afinal de contas, não somos todos psicopatas.
São olhos castanhos, tristes, verdadeiros, expressivos, penetrantes, quase fulvos, que interpelam qualquer pensamento, qualquer dúvida, que cessam qualquer embriaguez. São esses olhos que geram uma tempestade altissonante e inebriada. Eles não significam nada, mas ignora-los significaria o fim de tudo, todo o sentido da existência, do prazer pelo descontento, todos os anos que esculpiram os olhares de dois indivíduos para o único desígnio de se contemplarem. Olhar dentro de sua íris, porém, consistiria no fim de uma vida, no arrefecimento de memórias marcadas; o preço da consciência absoluta.
O sofrimento inerente, praticamente inato, é certo. Trata-se de uma experiência serôdia, abordando crimes sem criminosos. O homem continua sendo homem, assim como um charuto as vezes é apenas um charuto.
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