O
uso da língua, da linguagem, é sem dúvida uma das áreas do conhecimento humano
mais fundamentais para se entender, praticar e expandir ao longo da existência.
Especialmente
o uso da palavra escrita.
Esta
se dá não por meio de manifestações espontâneas e desmedidas entre interações
cotidianas entre indivíduos, mas sim por uma criteriosa seleção de vocábulos com
o intuito expresso de manifestar uma ideia que tenha poder de penetração e
difusão naquele que lê. O tempo e cuidado envolvidos na produção de um texto
escrito diminuem a tolerância ao erro do escritor, e deve, necessariamente, aumentar
a expectativa do leitor.
No
entanto, as maiores criações artísticas da humanidade, obras que tiveram êxito
em imprimir com precisão absoluta emoções primitivas e viscerais ao consumidor,
foram forjadas, justamente, com o devido tempo e empenho daquele que se dedicou
ao propósito de expressar. Não há no mundo forma mais complexa de entrega e
interlocução entre dois espíritos humanos.
Por
isso, escrevo. Me forço a escrever, mesmo que não haja, em momento presente,
força ou vontade para tal.
Eu
sou aquilo que escrevi.
Nada
que fiz, nenhuma de minhas conquistas será lembrada.
Quem
eu sou, quem amei, quem desejei, nada disso importa.
Eu
sou apenas o conjunto de palavras que juntei, ao longo da minha existência,
para expressar o que senti, o que vivi, o quanto amei, e o quanto sofri. Sim,
este sou eu. Um ninguém que viveu entre outros anônimos em um dado período, em
dada circunstância, que engoliu, digeriu e vomitou em papel as mazelas do
mundo, que se equilibrou entre o vil e o esplêndido e, como todos os outros,
caiu com o peso do mundo.
É
o que tenho a oferecer. Não julgue me conhecer se não por meus escritos.
Não
me siga.
Siga
as minhas palavras.
Prazer,
.